O ministro Carlos Lupi (PDT) anunciou sua demissão do Ministério da Previdência nesta sexta-feira (2), após dois anos e quatro meses à frente da pasta. A decisão ocorre em meio à crise desencadeada por investigações sobre um esquema de fraudes no INSS que desviou bilhões de reais de aposentadorias e pensões. Em publicação nas redes sociais, Lupi afirmou: “Entrego, na tarde desta sexta-feira (02), a função de Ministro da Previdência Social ao Presidente Lula, a quem agradeço pela confiança”.

Lupi negou qualquer envolvimento nas irregularidades, destacando que seu nome não foi citado nas investigações. “Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas apurações”, afirmou. No entanto, documentos revelaram que o ministro foi alertado sobre os descontos irregulares em benefícios, mas levou quase um ano para agir. O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, indicado por Lupi, já havia sido demitido na semana passada.
O presidente Lula anunciou no Dia do Trabalhador que determinou à AGU processar as associações envolvidas no esquema para ressarcir os aposentados. O novo ministro será Wolney Queiroz, ex-deputado e número dois de Lupi na pasta. A saída do agora ex-ministro já era dada como certa no Planalto, que buscava evitar um rompimento com o PDT, partido importante na frágil base governista no Congresso.
A PF e a CGU desbarataram um esquema que, desde 2019, cadastrava aposentados sem autorização para descontar mensalidades indevidas. O prejuízo estimado chega a R$ 6,3 bilhões. A operação apreendeu bens de luxo, incluindo uma Ferrari, joias e relógios caros. O principal investigado é o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, sócio de 22 empresas suspeitas de participar do esquema.
Lupi, aliado histórico de governos petistas, já havia deixado o ministério no governo Dilma Rousseff após denúncias de corrupção. Sua gestão na Previdência também era criticada internamente pelo fracasso em acabar com as filas de perícia do INSS. Apesar de tentar proteger Stefanutto, Lupi viu Lula nomear o procurador Gilberto Waller Júnior para a presidência do INSS, marcando o início do fim de sua permanência no governo.
Fonte: G1